terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Podcast No10 – Religião Wicca – Castelo de Neuschwanstein | Escriba Cafe

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Uma descrição da Wicca.

Transcrição

Nessa série, iremos desmistificar algumas visões errôneas sobre as culturas e as religiões. Vamos fazer uma viagem à um mundo de magia e espiritualidade, onde veremos que o Deus, essa força superior e criadora, pode ser a mesma em toda forma de manifestação religiosa.

Paganismo é um termo criado pela igreja católica para definir toda religião ou cultura que não é cristã. Ao longo da história, pagão se tornou sinônimo de bruxo, herege e até de seguidor do demônio para os mais desinformados.

Porém, o que poucos sabem, é que até mesmo as igrejas cristãs hoje estão repletas de rituais, símbolos e ensinamentos pagãos.

Os pagãos mais seculares como os Celtas, druidas, budistas e até os neo-pagãos como os wiccas buscaram não só a religiosidade através da força superior, o Deus, como também buscaram o conhecimento espiritual e corporal. A conexão do corpo com a natureza era um fator inegável do qual eles tinham pleno controle e dedicação. Sabiam que a natureza era a ligação com a divindade, e que ali estava toda a força enérgica da terra, cuja qual era essencial ao corpo e à ao espírito humano.

Esse vínculo com a natureza, foi sendo perdido através do surgimento de novas religiões, governos e tradições, que, por motivos políticos, por ambição e vários outros fatores, criaram novas “verdades” e regras para servir a um deus que lhe fosse mais conveniente. Por representarem uma verdade inegável e até milenar, os pagãos se tornaram uma ameaça a esse novo poder político-religioso, e por isso foram perseguidos e combatidos.

O resultado de tudo isso, é um mudança radical da posição do ser humano em relação à Terra e a si mesmo. As preocupações de homem moderno são dinheiro, carreira e destaque no meio social. A natureza deixou de ser algo divino e o espírito uma mera fantasia mitológica.

O Celtas

Os celtas foram um povo que se espalhara e dominara a Europa Central por milhares de anos. Porém foram combatidos até ficarem limitados à região da Irlanda e do País de Gales.

Os Celtas transmitiram a sua cultura oralmente, nunca escrevendo a sua história ou os seus fatos. Isto explica a extrema falta de conhecimento quanto aos seus contactos com as civilizações clássicas de Grécia e Roma. Os Celtas eram geralmente bem instruídos, particularmente no que diz respeito à religião, filosofia, geografia e astronomia.

Seus rituais – que mais tarde foram considerados pagãos e demoníacos pela igreja católica – se baseavam na reverência pela natureza, que ao ver daquele povo, era a ponte para o divino. A natureza lhes dava tudo o que precisavam para viver, e em troca, eles a respeitavam como algo divino.

Basicamente a doutrina céltica enfatizava a terra e a deusa mãe; eles enfatizavam igualmente o mar e o céu e acreditavam na imortalidade da alma, que chegava ao aperfeiçoamento através das reencarnações.

Eles admitiam como certa a lei de causa e efeito, diziam que o homem era livre para fazer tudo aquilo que quisesse fazer, mas que com certeza cada um era responsável pelo próprio destino, de acordo com os atos que livremente praticasse. Toda a ação era livre, mas traria sempre uma conseqüência, boa ou má, segundo as obras praticadas.

Mesmo sendo livre, o homem também respondia socialmente pelos seus atos, pois para isto existia pena de morte aplicada aos criminosos perversos.

A Igreja Católica acusava os Celtas e Druidas de bárbaros por sacrificarem os criminosos de forma sangrenta, esquecendo que ela também matava queimando as pessoas vivas sem que elas houvessem cometido crimes, apenas por questão de fé ou por praticarem rituais diferentes.

A crença céltica e druídica diziam que o homem teria a ajuda dos espíritos protetores e sua libertação dos ciclos reencarnatórios seria mais rápida assim. Cada pessoa tinha a responsabilidade de passar seus conhecimentos adiante, para as pessoas que estivessem igualmente aptas a entenderem a lei de causa e efeito, também conhecida atualmente como lei do carma.

Não admitiam que a Divindade pudesse ser cultuada dentro de templos constituídos por mãos humanas, assim, faziam dos campos e das florestas seus locais ritualísticos.
Normalmente eles praticavam os rituais sem vestes, mas não por conotação erótica, e sim pelo fato de que a energia à qual se conectavam através da natureza, poderia ser relativamente bloqueada pelas roupas. Porém os católicos concluíram que isso era um ato profano e também usaram esse fato para “endemonizar” os rituais.

Outro fato que também enfurecia os católicos era o papel da mulher na Civilização Celta. Elas tinham os mesmos direitos que os homens e podiam executar os mesmo cargos. Há relatos de grandes guerreiras celtas. Os Celtas acreditavam que as mulheres possuíam uma sensibilidade maior ao sobrenatural do que os homens, e por isso também eram consideradas divinas em alguns aspectos.

Mas e os druidas? O que eles têm a ver com os Celtas?

Os druidas foram uma casta sacerdotal da Civilização Celta. O nome “druida” significa “aquele que têm o conhecimento profundo ou completo”; ou seja, eram “mestres” ou “filósofos”. Formavam uma ordem e não uma casta. Dividiam-se em três classes: os druidas propriamente ditos, possessores do extremo poder; os eubages, adivinhos e sacrificadores; e os bardos, que cantavam hinos e celebravam as façanhas dos heróis. Os druidas acreditavam na imortalidade da alma, cultuavam vários deuses, mas não possuíam templos: reuniam-se nas florestas sombrias; sua assembléia geral era perto de Dreux; nas grandes calamidades imolavam vítimas humanas. O druidismo atribuia virtudes a certas plantas, à verbena, à selagina, ao sâmolo e, especialmente, ao agárico ou, melhor, ao visco ou visgo (que era cortado, em certos dias, com grandes cerimônias, sobre velhos carvalhos). Os druidas eram médicos, astrônomos, físicos, juízes e conselheiros. As druidesas, feiticeiras e profetisas, tinham seu principal santuário na ilha do Sena.
O catolicismo primitivo, tal como um furacão devastador apagou tudo o que lhe foi possível apagar no que diz respeito aos rituais célticos, catalogando-os de paganismo, de cultos imorais e tendo como objetivo a adoração da força negativa. Na realidade isto não é verdade, os celtas cultuavam a Mãe Natureza e quando os primeiros cristãos chegaram na região de Glastonbury (a lendária ilha de Avalon) foram muito bem recebidos, segundo pesquisadores, a tradição céltica relata que José de Arimatéia discípulo de Jesus viveu entre eles e levado até lá o Santo Graal. Por essas e outras, não nos é possível saber precisamente quem foram os celtas, uma vez que foram alvo de severa repressão por parte dos romanos católicos, o que fez serem apagados quaisquer vestígios de informação direta. Porém, vários escritores romanos relataram sua história. E é esse material que os historiadores de hoje têm como base mais sólida para entender essa maravilhosa civilização.

Wicca

Em meio a uma floresta afastada das construções humanas, vamos conhecer um caminho iniciático e uma religião de mistérios que guia os seus iniciados a uma profunda comunhão com os poderes da Natureza e da psique humana, conduzindo a uma transformação espiritual do indivíduo. Vamos conhecer a Wicca

A Wicca é uma religião natural da terra. Uma reunificação com as forças vitais naturais, embora não seja somente isso A Wicca é muito mais do que apenas um caminho panteísta. Ela é uma religião completa em si mesma e que utiliza a magia, um conjunto de técnicas capazes de alinha-la com as forças naturais e utiliza-las como instrumento de realização.

A divulgação da Wicca se deu a partir dos anos 40/50 com a publicação dos livros de Gerald Gardner, considerado o pai da bruxaria moderna. Mesmo tendo sido severamente criticado pelo segmento conservador da Antiga Religião por ter quebrado o segredo mantido durante séculos, surgiu a partir dessa época um movimento que não parou de se expandir e de crescer até hoje.

Na Lua Cheia e nos Sabás, os wiccans se reúnem em grupos de mulheres e homens nas clareiras dos bosques para se equilibrarem com as forças da natureza e acima de tudo cultuarem a Deusa. Esses encontros são denominados covens.

Embora muitas pessoas afirmem que a Wicca é uma religião não hierárquica e não dogmática, existe uma hierarquia própria dentro dos covens e dogmas (matérias de fé) inquestionáveis a serem aceitos por seus membros. Como toda religião, a Wicca possui uma estrutura, princípios e fundamentos que não podem ser negligenciados.

A Wicca é uma Arte viva tanto na Europa quanto nas Américas. Ela não é mais uma sombra do mundo antigo, embora tenha suas raízes lá, e é fervorosamente discutida entre alguns antropólogos. Também não é um passatempo bizarro de alguns visionários. Trata-se muito mais de uma religião ativa que ganha diariamente um número crescente de adeptos.

O mais importante, dentro dos fundamentos e mistérios wiccanianos, é a possibilidade de transformação pessoal que realmente ocorre quando a pessoa passa por um processo iniciático num coven. Na Wicca aprendemos a nos libertar de conceitos arraigados na mente por todo tipo de educação e condicionamento.

Na Wicca inexistem conceitos maniqueístas e os sacerdotes desenvolvem a capacidade de expandir sua consciência interagindo com a Natureza por meio da própria natureza interior. É através da experiência sagrada com a Deusa e o Deus, e da sagrada união dos opostos, que honram a existência e compreendem que Vida e Morte fazem parte do eterno espírito, presente em todos nós. É nesse sentido que a Wicca se revela uma religião libertária, onde não existe nenhum poder centralizado e dominante, sem julgamentos e punições.

Infelizmente esse conceito tem sido deturpado por aqueles que não realizaram sua consciência interior, e que passam a afirmar que na Religião da Deusa não existem regras ou dogmas. Esse fato tem transformado a Wicca, desde que ela chegou à América nos anos 80, numa pálida imagem da religião ancestral, numa atividade superficial, cada vez mais afastada dos seus fundamentos e dos antigos Mistérios, onde garotinhas revoltadas se vestem de preto usam um enorme pentagrama e se auto-denominam wiccans por pura necessidade de afirmação ou desestruturação familiar e-ou social.

Na verdade, o sentido do caminho sacerdotal wiccaniano é proporcionar àqueles que o trilham desfrutar dessa consciência, governar a si mesmos e à sua mente profunda e desse modo mergulharem no fluxo das energias naturais e fluir com elas.

Um outro ponto a ressaltar, seria a enorme discussão que existe hoje quanto o surgimento da wicca, onde estudiosos afirmam que essa religião não fora divulgada por Gerald Gardner, e sim criada por ele. Esses estudiosos afirmam que Gardner usou filosofias, rituais e fundamentos de religiões pagãs variadas para criar a wicca.

Sendo criada recentemente ou não, uma coisa é fato: A base da wicca é a Antiga Religião que surge nos tempos célticos, e sua adoração pela natureza é um inegável fator ritualístico e filosófico que falta na sociedade dos dias de hoje.

Essa é a transcrição aprofundada sobre o paganismo, que esteve presente nos Podcasts No8, No9 e No10 – Esboço, sem revisão ortográfica, usado como roteiro de gravação para os podcasts citados.

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