segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Estados alterados da consciência (EAC)

Um estado alterado da consciência (EAC) é um estado cerebral significativamente diferente da consciência normal ou de referência. Não é, porém, o estado do cérebro em si que constitui um EAC. O estado cerebral é uma questão objetiva, mas eu relutaria em considerá-lo equivalente a uma leitura de EEG, por exemplo. Do contrário, acabaríamos considerando cochilar, tossir, dormir, estar em coma e estar morto como EACs. As leituras do estado cerebral revelam atividade ou inatividade do cérebro, mas não acho que elas sejam um bom indicador de EACs. As ondas Alfa, por exemplo, têm sido identificadas como EAC, mas na verdade medem o processamento visual no cérebro.

O estado cerebral de referência poderia ser melhor definido pela presença de duas importantes características subjetivas: a sensação psicológica de um Eu no "centro" da percepção da pessoa, e a sensação de que esse Eu está identificado com o corpo da pessoa. Estados da consciência em que alguém "perde" o senso da identidade com o corpo ou com as percepções são definitivamente EACs. Esses estados podem ser atingidos espontaneamente, estimulados por coisas como traumas, perturbação do sono, privação ou sobrecarga sensorial, desequilíbrio neuroquímico ou febre. Podem também ser induzidos por comportamento social, como dança ou canto frenético, como também pela ingestão de drogas psicotrópicas.

É questionável que o transe hipnótico seja realmente um EAC, embora freqüentemente pareça sê-lo. O estado hipnótico lembra mais certas pessoas com amnésia, que podem ser controladas pela apresentação de certas palavras. Mais tarde, elas não se recordam conscientemente de terem visto as palavras, mas mostram sinais de lembrança implícita delas. Não acho que chamaria a amnésia de EAC.

Não há nenhuma prova de que os EACs possam transportar alguém para um plano transcendente de consciência ou verdade mais elevadas, embora esse mito tenha recebido ampla credibilidade graças a parapsicólogos como Charles Tart. Há uma grande variedade de sentimentos associados aos EACs, alguns dos quais bastante agradáveis, embora ilusórios e auto-enganosos. As experiências místicas, por exemplo, podem ser pouco mais que um estado cerebral. Michael Persinger foi capaz de duplicar a sensação de presença, a sensação de abandonar o corpo e outros sentimentos associados com o misticismo através da estimulação elétrica do cérebro. Muitas pessoas têm duplicado experiências religiosas usando drogas como o LSD e a mescalina. A maioria das religiões identifica o estado ideal como um EAC: abandonar o corpo e o Eu e unir-se a algum tipo de Ser Divino. Neste sentido, procurar por um EAC é procurar matar seu próprio senso de Eu.


http://www.skepdic.com/brazil/eac.html





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