sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Âmbar: fascinante testemunho do passado

O que é o âmbar, afinal?

O âmbar, desde a Antigüidade, encantou e continua encantando as pessoas. Por que motivo uma resina fossilizada de árvores antigas tem tanto charme e exerce tanta atração sobre nós?

As árvores que produziram o âmbar viveram há milhões de anos: nas zonas temperadas, principalmente os pinheiros; e nas regiões tropicais, várias espécies de leguminosas.  As resinas que essas árvores produziam funcionavam como proteção contra as bactérias e contra os insetos que furavam sua madeira. Com o passar do tempo, essa resina foi perdendo água e ar, e as substâncias orgânicas que a constituíam sofreram o que os químicos chamam de polimerização: a resina endureceu e se transformou naquilo que conhecemos como âmbar.

O âmbar ontem e hoje

Desde os tempos antigos, o âmbar foi muito utilizado para a fabricação de jóias e de estatuetas. Acreditava-se, também, que ele tinha propriedades medicinais especiais; assim, misturava-se  mel a âmbar em pó para curar a asma, a gota e até a peste negra! O âmbar também agia, pensava-se, contra as forças do Mal: esferas de âmbar sempre foram usadas como rosários e amuletos; a resina podia também ser queimada com outros produtos, como o incenso e a mirra, para afugentar os maus espíritos. Conta-se ainda que os marinheiros, no passado, queimavam âmbar nos seus navios, como proteção contra serpentes marinhas e outros monstros das profundezas do mar!

Até hoje, o âmbar continua fascinando pessoas de todas as categorias. Enquanto artistas e joalheiros se sentem atraídos pela sua beleza, geólogos e paleontólogos o consideram um importante registro da vida pré-histórica. Isso porque, em algumas peças dessa resina, estão preservados insetos, lagartos, folhas e flores que ficaram nela aprisionados há milhões de anos, conservando detalhes minuciosos de sua estrutura e parte de sua composição química. Os arqueólogos, por sua vez, se interessam pelas antigas rotas de comércio do âmbar, enquanto os químicos investigam sua composição. Para os biólogos, organismos preservados em âmbar são um prato cheio: enquanto botânicos e zoólogos estudam os organismos nele aprisionados, geneticistas recuperam fragmentos de seu DNA, analisando-os e reconstituindo pequenas partes da história da vida. Essa última façanha, aliás, foi  popularizada de forma fantasiosa pelo filme Parque dos Dinossauros, em que cientistas extraem DNA de sangue de dinossauro, encontrado no estômago de um mosquito. Este DNA, em seguida, é utilizado para reviver dinossauros! Ficção científica à parte, a importância real do âmbar para a ciência é muito grande.

Propriedades

Quando o âmbar é esfregado com um pano, ele se torna eletrificado, podendo atrair pedaços de papel. A propósito, o nome grego para o âmbar é elektron, que originou a palavra eletricidade. Não é um bom condutor de calor e parece quente ao toque, ao contrário dos minerais, que dão uma sensação de frio. Dependendo do tipo de árvore de que provém, a composição química do âmbar varia muito.  As cores também são bastante diversificadas: há âmbar com vários tons de amarelo, laranja, vermelho; ele pode ainda ser branco, marrom, e até verde e azul. As cores do arco-íris que às vezes se percebem no interior do âmbar são causadas por bolhas de ar nele aprisionadas. Algumas vezes, ainda, o âmbar, geralmente o de cor azul ou amarela, tem a propriedade de fluorescer.

De onde vem o âmbar?

A região do Mar Báltico tem sido, desde a pré-história, a principal fonte de âmbar. Embora não se saiba ao certo quando essa resina foi usada pela primeira vez, ela foi relacionada às populações da Idade da Pedra. Foi encontrado âmbar de origem báltica em túmulos egípcios de 3200 a. C. Sabe-se ainda,  por exemplo, que a rota comercial dessa substância foi dominada pelos vikings dos anos 800 até 1000 de nossa era; a Escandinávia, aliás, continua a ser um dos maiores exportadores de âmbar. Na atualidade, no entanto, a República Dominicana tornou-se uma rica fonte da resina fossilizada, vindo em importância logo depois da área do Báltico. Além disso, o âmbar da República Dominicana tem um registro fóssil mais abundante: mais ou menos uma peça em cem tem alguma inclusão interessante, contra apenas uma peça em mil para o âmbar que vem do Báltico.

Fósseis capturados

Conhecem-se mais de 1000 espécies de insetos, aracnídeos e crustáceos aprisionados dentro do âmbar. Quase 54% desses são moscas; encontram-se também formigas, abelhas (como a da figura), besouros, borboletas, cupins, aranhas, vespas, escorpiões, baratas, grilos e outros. O registro vegetal também é notável: há pedaços de samambaias, de musgos, de gimnospermas (como o cipreste e o pinheiro), e de angiospermas de várias espécies, como palmeiras e plantas herbáceas. Acham-se ainda marcas de folhas com suas nervuras detalhadas, e também pêlos de mamíferos e dentes molares.

Em 1997, foi anunciada a descoberta das primeiras flores conhecidas preservadas no âmbar, que parecem ter 65 milhões de anos. Foi também descoberto o mosquito mais velho do mundo, o ancestral dos trilhões de mosquitos sugadores de sangue.

Ressuscitar vidas passadas?

Em maio de 1995, o microbiologista Raul Cano anunciou ter conseguido reviver bactérias encontradas no âmbar, a partir de esporos obtidos do abdômen de uma abelha aprisionada na resina, entre 25 e 40 milhões de anos atrás.  O microrganismo, aparentemente, é geneticamente semelhante a uma bactéria moderna,  chamada Bacillus sphaericus, que tem a capacidade, em tempos bicudos para sua sobrevivência, de parar de se mover, se alimentar ou se reproduzir. Há, no entanto, algum ceticismo nos meios científicos a respeito dessa descoberta: pensa-se que dificilmente um esporo de bactéria poderia ter se conservado num estado de vida suspensa durante tanto tempo. Provavelmente, dizem esses críticos, a bactéria provém de contaminação dos instrumentos de laboratório. De qualquer modo, se for confirmada a descoberta, Cano terá sido o primeiro a conseguir uma ressurreição de um ser vivo do passado, o que seria um tento gigantesco na compreensão de alguns mistérios da evolução.

Âmbar genuíno e âmbar falsificado

A maioria dos insetos encontrados em pedaços de âmbar são de espécies que se extinguiram no passado. Às vezes, espécies atuais de insetos  podem estar no âmbar; de uma maneira geral, porém, trata-se de uma falsificação: uma peça de âmbar é perfurada, e insetos ou pequenos animais são introduzidos nela; em seguida, o buraco é tapado com uma resina da mesma cor.

Além disso, usam-se plásticos, como celulóide, ou então vidro para imitar o âmbar. Não é muito difícil, no entanto, fazer a distinção entre o âmbar genuíno e as falsificações. Quando se esfregam as imitações com um pano, elas se eletrificam muito mais fracamente do que o âmbar verdadeiro. Além disso, o celulóide fica cheirando a cânfora, material utilizado na sua fabricação. Também aparece esse cheiro quando o celulóide é colocado em água quente ou então queimado. Outros tipos de plástico, quando queimados, produzem um cheiro desagradável de ácido fênico e não se forma fumaça. O âmbar aquecido, ao contrário, produz uma fumaça esbranquiçada e tem um odor adocicado de resina e de madeira de pinheiro.

Outro teste simples para se distinguir o âmbar de suas imitações é mergulhar a peça em água do mar ou em uma solução saturada de sal de cozinha. O âmbar genuíno flutua; as imitações afundam, mais rapidamente ainda quando são de vidro.

Se você se interessa pelo âmbar...

Há inúmeros sites na Internet dedicados ao âmbar. Na realidade, esse artigo foi compilado a partir de informações obtidas de vários desses sites. Basta você colocar a palavra “amber”  num dos instrumentos de busca, como o Yahoo, o Lycos, o Excite etc., para descobrir uma grande quantidade de homepages que, direta ou indiretamente, falam do âmbar.

Gostaríamos, porém, de dar uma sugestão mais específica. Visite, no endereço da Internet que forneçemos abaixo, algumas fotos de peças de âmbar, que fizeram parte de uma exposição no  American Museum of Natural History, em Nova York.  Ao clicar sobre a pequena foto de cada peça, aparecerá uma foto maior mostrando o organismo aprisionado no interior da resina. O endereço é:

http://www.amnh.org/exhibitions/amber/

http://www.editorasaraiva.com.br/eddid/Ciencias/biblioteca/artigos/ambar.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário