Olavo Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amote assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Ultm fl Flw
ResponderExcluir(Uma resposta ao poema “Língua Portuguesa”, de Olavo Bilac)
Bilac, meu caro amigo,
Teus problemas foram poucos.
A língua que exaltaste,
É triste o que eu te digo.
Parece coisa de loucos!
Já tratam-na como a um traste.
Primeiro a vã tentativa
De unificar o idioma.
Pois língua assim dividida,
Dirão, com o tempo definha.
(Pra mim tiraram a soma
Desta operação mesquinha).
Mataram hífens, acentos...
Soldaram certos prefixos...
E o tal do trema que some?
Alguns preceitos prolixos
Pr’aqueles sem-documentos
A quase morrer de fome.
E muitos, fugindo à norma,
Tornam a coisa mais preta
Usando o computador.
Não raro falta uma letra,
E em vez da correta forma
Põem a que mais fácil for.
Do jeito que as coisas vão
Tudo tende a piorar,
E eu já pressinto o horror.
Para me comunicar
Ou contrato um escrivão
Ou me arranjam um tradutor.
Muito interessante a poesia!!Obrigado!!
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