segunda-feira, 2 de abril de 2007

A hora do cansaço



    A hora do cansaço



As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.


Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.


Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.


Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.




Carlos Drummond de Andrade

5 comentários:

  1. Muito lindo
    Obrigada lindaaaaaa :-)
    Boa noite
    Beijos

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  2. Obrigada eu por vossas lindas visitas!!Boa noite de lua cheia! tenham sonhos lindos...

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  3. Te digo que Drummond não é meu preferido, mas esta poesia é um encanto... e eu estou cansado de tanto escrever e traduzir... tô com ódio do barulho do teclado do computador!
    Beijos de mais um cansado!

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  4. Obrigado ! Mandaram-na pra mim e achei que se aplica a minha vida!!!

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