quarta-feira, 5 de março de 2008

A deusa Isis






O culto dispensado a Ísis revela que era uma deusa da vida humana muito mais que da fertilidade das lavouras. Símbolo da maternidade doadora de vida e principal divindade egípcia nos ritos funerários, em que aparece representada como carpideira, usava seus dotes de feiticeira para curar os doentes e ressuscitar os mortos. Seu poder foi obtido com astúcia. Criou uma serpente que pôs no caminho de Rá. O deus-sol  é mordido e é avisado que só terá a cura se pronunciar seu nome secreto. Cada vez mais enfermo pelo veneno que penetra em suas veias, Rá é obrigado a falar, E Ísis se apodera, com seu nome, de uma parte do poder do deus.

 

Ísis é uma das mais importantes deusas do antigo Egito. Segundo a lenda, descobriu e reuniu os pedaços do corpo de Osíris, seu irmão e marido, e devolveu-lhe a vida. Escondeu o filho Hórus para protegê-lo de Seth, assassino de Osíris, até que crescesse e pudesse vingar o pai. Mas, como fosse também irmã de Seth, no momento em que eles se enfrentaram a deusa hesitou entre ambos. Algumas tradições dizem que Hórus, então, decapitou-a. Mesmo assim, Ísis e Hórus representam o relacionamento perfeito entre mãe e filho.

 

A BUSCA DE ÍSIS

 

 

 

Texto sobre a busca do corpo de Osíris, levada a cabo pela sua consorce Isis.

(Autor desconhecido. Recebido por email).

 

 Escoltada por sete escorpiões venenosos, terrível guarda do corpo, Ísis parte em busca de Osíris e, assim, chegou à cidade de Pa-sin. Mas estava tão cansada e tão esfarrapada, que encontrou hospedagem; uma senhora chegou a fechar-lhe ostensivamente a porta na cara. Os Sethe escorpiões consultaram-se entre si sobre a maneira de vingar o insulto à deusa e, um a um, aproximando-se de sua líder, Tefen, injetaram-lhe todo o veneno. Tefen entrou na casa da irreverente senhora, encontrou o seu filho e picou-o. O poder do veneno foi tanto que a casa incendiou-se.

 

Uma misericordiosa e humilde camponesa, de nome Taha, teve pena daquele rosto petrificado pela dor e acolheu Ísis. A outra, que se chamava Usa, não encontrou uma gota d'água para apagar o incêndio; desesperada e com a criança morrendo nos braços, vagava à procura de ajuda, mas não encontrou ninguém que a socorresse. Então Ísis teve pena dela: ordenou ao veneno que não atuasse e a criança sarou logo, enquanto uma chuva apagava o incêndio. Ísis continuou a andar entre as inúmeras emboscadas que Sethh lhe armava no caminho. Nos arredores de Tânis ficou sabendo, por intermédio de algumas crianças, que o sarcófago havia chegado ao mar por aquele braço do delta do Nilo.

Desesperada, Ísis começou a rodear o Mediterrâneo, até chegar a Biblos na Fenícia.

Lá ficou sabendo que o esquife fora parar no meio dos arbustos, os quais, em contato com o corpo divino, transformaram-se numa esplêndida acácia que encerrou o escrínio em seu tronco. O rei de Biblos, ao ver a estranha árvore ordenou que a cortassem para fazer dela uma coluna no seu palácio.

 

Assim, todas as noites Ísis ia à cidade e transformava-se numa andorinha que esvoaçava em torno da coluna, lançando estrídulos pungentes... mas ninguém parecia notar.

Finalmente, resolveu agir: parou perto da fonte e quando as criadas da rainha foram apanhar água, começou a conversar, depois a penteá-las, a oferecer perfumes... e as criadas ficaram muito contentes. A rainha quis conhecê-la e, em pouco tempo, caiu nas suas graças e foi nomeada governanta do príncipe. Todas as noites, depois de assumir sua forma de andorinha, chorava penosamente.

Uma noite a rainha quis certificar-se de que a criança dormia e entrou em seu quarto, onde se deparou com uma situação aterradora: Ísis amamentava o bebê com a ponta do indicador e seu berço estava rodeado por chamas e, aos pés da cama, Sethe escorpiões montavam guarda. Gritou, perplexa; o rei e os guardas socorreram-na, enquanto Ísis, com um simples sinal, apagava as chamas. A Deusa então revelou-se e repreendeu a rainha; grata pela hospitalidade, tinha decidido tornar o príncipe imortal e, por esta razão, todas as noites o imergia nas chamas purificadoras. Mas infelizmente agora o encanto não fazia mais efeito. Com isso a rainha ficou profundamente entristecida e o rei, sentindo-se honrado por ter acolhido uma Deusa, prometeu-lhe o que quisesse. Ísis, naturalmente, pediu ao rei a grande coluna de onde tirou o escrínio e encheu o tronco de perfumes, envolveu-o com faixas perfumadas e deixou-o ao rei e ao seu povo como lembrança e relíquia preciosa.

Retomou o caminho de volta escoltada por dois filhos do rei, mas não resistiu por muito tempo: ordenou que a caravana fizesse uma parada e abriu a caixa. Quando apareceu o rosto do marido, os seus gritos de dor encheram o ar de um espanto tão grande que um dos filhos do rei ficou louco. Já outro teve menos sorte: Ísis tinha-se inclinado chorando sobre o rosto querido e o jovem a observava, ignorante e curioso. A Deusa percebeu e lançou-lhe um olhar tão forte que ele caiu morto. Chegando ao Egito, escondeu o esquive num lugar solitário, perto de Buto, entre os emaranhados pântanos do Delta que o protegiam contra os perigos.

Mas, por acaso, Sethh o encontrou, quando numa noite caçava ao claro da lua.

Abriu o ataúde e viu os restos mortais do irmão. Ficou furioso e despedaçou-o, dividindo-o em quatorze partes que foram espalhadas pelo Egipto

 

A infeliz Ísis, com o novo suplício, recomeçou a piedosa procura dos restos fúnebres e depois de imensas fadigas conseguiu reconstituí-los (exceto o falo, que fora devorado por um ossirinco - uma espécie de esturjão do Nilo).

Nos lugares em que os restos foram encontrados, surgiram templos, nos quais se realizavam peregrinações chamadas "A procura de Osíris".

Ísis chamou para junto de si a irmã Néftis, Tot e Anúbis. E, com a ciência herdada de Osíris, eles recompuseram o corpo do rei e envidaram todos os esforços para restituir-lhe a vida. Anúbis embalsamou o corpo, que foi enfaixado e recoberto de talismãs; Tot escreveu fórmulas mágicas nas paredes do sepulcro, em Abidos e Néftis construiu uma estátua idêntica ao defunto, colocada junto ao sarcófago. Por fim, Ísis tomou a forma de um falcão presa e pousou-se sobre os despojos, batendo as suas asas até que com o seu ar benfeitor insuflou uma vida renovada em Osíris. O esposo ressuscitado tomou-a e Ísis ficou grávida. Mas mesmo ressuscitado, Osíris não pode reinar mais sobre esta terra e tornou-se rei do Lugar que fica além do Horizonte ocidental, que transformou de um lugar triste e escuro, numa chácara fértil e rica de colheitas.

Realizado, enfim, o rito do sepultamento, Ísis voltou a esconder-se nos pantanais para proteger-se, e principalmente o filho que esperava, contra as vinganças de Sethh.

 

O percurso de Ísis revela a expansão da civilização egípcia pela orla do Mediterrâneo e, ao mesmo tempo, a aquisição de novos conhecimentos dos povos vizinhos. O mito tem grande semelhança com os Mistérios Eléusis, parecendo ser sua origem.

Por outro lado, também reflete a origem da mumificação e sua ideologia de vida pós-morte, bem como novas intrigas palacianas na sucessão do trono e a divisão da unidade egípcia em 14 reinos*

 

                                                   

 

    Pelos cuidados dispensados ao filho, atribui-se a Ísis o caráter de deusa protetora. A característica que mais a distingue, no entanto, é um grande poder mágico que supera o de todas as outras divindades. Era invocada em favor dos doentes, pois tinha ascendência mesmo sobre Anúbis, deus dos mortos.

 

Dentre as divindades femininas reconhecidas no egito,  a mais popular e conhecida é a deusa Ísis. Em uma cultura onde os dógmas, ensinamentos e filosofias religiosas ficavam restritos à especulação do clero e ao acesso de alguns poucos privilegiados, a história de Ísis, ao contrário, difundiu-se pela nação.

 Senhora do Céu, Ísis era Sopidut ou Sepedet, a Grande Estrela da Manhã, a Luz que anunciava o nascimento de Rá, o Sol, seu pai…
Venerada como Mãe Universal, absorveu em si as características da deusa Hathor, a Vaca Celeste. Modelo exemplar de esposa e mãe, constituiu ela o alicerce da família egípcia. Esperava-se que uma egípcia fosse para o marido, como Ísis para Osíris, e como mãe, que tivesse pelos filhos o desvelo que a deusa teve para com seu filho Hórus…e todo filho deveria ser para os pais, como Hórus o fora para com Osíris e Ísis.

      Inteligente e astuta, era ela a Senhora de Todos os Deuses, mais poderosa e sábia que seu próprio pai Rá, de quem, ardilosa, conseguira subtrair o nome secreto, tornando-se assim a deusa Senhora de todas as Magias e Encantamentos, detentora de toda sabedoria!
     Nascendo entre os humanos para auxiliar seu irmão e esposo Osíris na tarefa de civilizar os povos, conheceu todas as angústias e sofrimentos. Foi mulher, prisioneira, fugitiva perseguida pela fúria de Seth, seu irmão rival, andarilha e esmolante. Experimentou todas as privações e dores dos mortais, tornando-se assim a deusa mais poderosa e sábia do Egito.

 

Infinitas e variadas são suas representações e suas formas: ora a vemos como uma serpente ou um milhafre ( espécie de ave ); ou como um abutre agitando as asas tentando restituir a vida ao corpo inerte de Osíris. Por vezes, ela é representada como uma vaca ou em sua forma humana, ostentando sobre a cabeça os chifres de Hathor, o Amor Divino, com quem se funde e se confunde… ou como uma andorinha, símbolo da imorredoura esperança. Quaisquer que sejam suas representações, ela tem sobre sua cabeça o símbolo de seu nome, o hieróglifo do trono, pois ela é, conforme seu nome nos diz, simbolicamente traduzido, "o Trono que abriga em si o poder de renascimento segundo os ciclos do Sol", uma vez que seu nome se escreve com o desenho de um trono, um semicírculo indicando o percurso do sol no céu, e um ovo, elemento que abriga em si o potencial de uma nova vida latente…Ísis é, por isso, a Mãe Natureza, o Ventre Universal, o

 

Trono sobre o qual se senta Osíris, o Poder fecundador da natureza. Dentre os vários hepítetos da deusa, ela era chamada "Merit", a "Amada", a "eleita" para conceber Hórus sem cópula, o mistério da Virgem-Mãe. E merit, em hebraico, tornou-se Miriam, cuja tradução em português é Maria…

Para o egípcio, graças ao poder regenerador e mágico de Ísis que a vegetação brotava; era Ísis quem fazia transbordar o Nilo com suas lágrimas, chorando Osíris morto. Era Ísis que, como Estrela da Manhã, anunciava o Ano Novo e a vinda de Rá, a Luz Suprema…
     A fama dessa deusa foi tal, que ultrapassou as fronteiras do Egito. Os gregos viram nela um misto de Hera e Afrodite, os romanos a cultuaram sem reservas. Em Pompéia, seu templo foi o único a permanecer intacto na catástrofe que destruiu a cidade. Sua fama correu o mundo e na Gália, seu templo, chamado "Per-Isis", segundo uma corrente de egiptólogos, teria originado o nome de Paris, a capital da França.
      Ainda nos tempos atuais, a misteriosa presença dessa deusa egípcia se faz sentir até no catolicismo, onde ela se reveste das características de Nossa Senhora das Dores…e seu templo, na ilha de Phile, último baluarte da fé pagã a sucumbir ao cristianismo nascente, ainda é hoje a mais bela jóia da arquitetura sagrada dos egípcios. Ao vislumbrarmos esse Santuário banhado pelas águas do Nilo, ainda podemos, com um pouco de imaginação, recordarmos que ao poente, uma sacerdotiza, do alto de seus pilones, estendia os braços aos céus e clamava: "Paz! Paz para a humanidade inteira!"

 






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