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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Vestindo a Noiva


Segura, tão dura como ossos de granito
E carne da Mãe Terra 
A Rosa levantou-se e disse , bem, Eu tenho uma vontade de me casar Com meu amante branco e dourado
Com meu branco, meu amante com cabelos dourados
É um filho do sol e um filho dos meus próprios

Então o sol e o céu irão casar,
Para um guerreiro corajoso dizem-me que eu sou prometida
Para proteger os campos em meu lugar
Para preservar a terra em meu lugar

A "Sheelah-na-sheelah-na-Gig" agitar-se-á para a alegria?
As fadas dançarão então em um anel?
Ou Morgan le Fay dirá irritadamente
Nós começamos uma coisa terrível
Oh, nós começamos uma coisa terrível

Oh, Mãe, nós dissemos, não case esse homem
Nós não necessitamos nenhum guerreiro corajoso e bravo
Seu tipo chamá-la-á prostituta e bruxa,
Tirará os minerais de suas cavernas
Ferro e óleo saqueando suas cavernas

Não, Mãe, não case com o filho do sol
Seus filhos trar-lhe-ão o aborrecimento
Cagarão no oceano e mijarão em seus poços
Para você haverá nenhum amanhã
Para todos nós nenhum amanhã

E a "Sheelah-na-sheelah-na-Gig" não se agitárá para a alegria
Os fadas não dançarão em um anel
E Morgan le Fay dirá tristemente
Nós começamos uma coisa terrível
Nós começamos uma coisa terrível

Nós lhe daremos que um dia como você nunca teve
Um dia de louvores, alegria e jovialidade
E melhor do que ligando-se a esse mocinho
Um dia para a terra de mãe
Para comemorar apenas a terra de mãe
Nós vesti-la-emos no verde; nós vesti-la-emos de marrom
Nós lustraremos seus lagos, das espadas faremos arados
E faremos uma guirlanda de flores selvagens 
E as bagas para sua testa
Colheremos bagas para sua testa

E a "Sheelah-na-sheelah-na-Gig" agita-se para a alegria
As fadas dançarão em um anel
E Morgan le Fay dirá grave
Nós evitamos uma coisa terrível
Nós escapamos de uma coisa terrível 

Mas oh, meus queridos, triste dizer
case o guerreiro corajoso e bravo
Seus filhos forçaram e afastaram todas nossas empregadas domésticas
Tirarão minerais das cavernas
Saqueando o ferro e o óleo de nossas cavernas
Assim nós saimos da torre de troia
Um dia de um inverno frio e amargo
E dançado na roda de milho
E nunca chegamos outra vez
Não por cinco mil anos e um dia

A Sheelah-na-sheelah-na-Gig é forçada à igreja
As fadas estão umas próximas não por muito tempo
E cadela e prostituta chamarão Morgan le Fay
Não há nenhum lugar para a Senhora aqui
Não há nenhum lugar para a Senhora aqui
Os trajetos do dragão são pisados agora outra vez
Os véus serão tirados de nossos olhos
Como Mãe Terra quebra as correntes
jogando pra fora os guerreiros como moscas
jogando os guerreiros fora como moscas

Nós vesti-la-emos no verde; nós vesti-la-emos de marrom
E lustre seus lagos, das espadas faça arados
E flores selvagens a trança em sua fronte
E as bagas para sua testa
Sim, para por em torno de sua testa
E a "Sheelah-na-sheelah-na-Gig " se alegrará
As fadas dançarão em um anel
E Morgan le Fay dirá contente
Nossa mãe é tudo
A  Mãe Terra é tudo
E a "Sheelah-na-sheelah-na-Gig se alegrará
As fadas dançarão em um anel
E Morgan le Fay cantará o dia inteiro
Nossa mãe é tudo
A terra mãe é tudo 


poesia pagã traduzida do inglês ..não lembro o autor..









segunda-feira, 20 de junho de 2011

Contos, por Eça de Queiroz

http://www.gutenberg.org/files/31347/31347-h/31347-h.htm

Um Poeta Lírico _Eça de Queirós

"Como eu observei ao meu Jacinto, na cidade nunca se olham os astros por causa dos candieiros—que os ofuscam: e nunca se entra por isso numa completa comunhão com o universo. O homem nas capitais pertence à sua casa, ou se o impelem fortes tendências de sociabilidade, ao seu bairro. Tudo o isola e o separa da restante natureza—os prédios obstrutores de seis andares, a fumaça das chaminés, o rolar moroso e grosso dos ónibus, a trama encarceradora da vida urbana... Mas que diferença, num cimo de monte, como Torges! Aí todas essas belas estrelas olham para nós de pérto, rebrilhando, à maneira de olhos conscientes, umas fixamente, com sublime indiferença,{109} outras ansiosamente, com uma luz que palpita, uma luz que chama, como se tentassem revelar os seus segredos ou compreender os nossos... E é impossível não sentir uma solidariedade perfeita entre êsses imensos mundos e os nossos pobres corpos. Todos somos obra da mesma vontade. Todos vivemos da acção dessa vontade imanente. Todos, portanto, desde os Uranos até aos Jacintos, constituimos modos diversos de um ser único, e através das suas transformações somamos na mesma unidade. Não há idea mais consoladora do que esta—que eu, e tu, e aquele monte, e o sol que agora se esconde, somos moléculas do mesmo Todo, governadas pela mesma Lei, rolando para o mesmo Fim. Desde logo se sómem as responsabilidades torturantes do individualismo. ¿Que somos nós? Formas sem fôrça, que uma Fôrça impele. E há um descanso delicioso nesta certeza, mesmo fugitiva, de que se é o grão de pó irresponsável e passivo que vai levado no grande vento, ou a gota perdida na torrente! Jacinto concordava, sumido na sombra. Nem êle nem eu sabíamos os nomes dêsses astros admiráveis. Eu, por causa da maciça e indesbastável ignorância de bacharel, com que saí do ventre de Coímbra, minha mãe espiritual. Jacinto, porque na sua ponderosa biblioteca tinha trezentos e dezoito tratados sôbre astronomia! ¿Mas{110} que nos importava, de resto, que aquele astro alêm se chamasse Sírius e aquele outro Aldebaran? ¿Que lhes importava a êles que um de nós fôsse José e o outro Jacinto? Éramos formas transitórias do mesmo ser eterno—e em nós havia o mesmo Deus. E se êles tambêm assim o compreendiam, estávamos ali, nós à janela num casarão serrano, êles no seu maravilhoso infinito, perfazendo um acto sacrossanto, um perfeito acto de Graça—que era sentir conscientemente a nossa unidade, e realizar, durante um instante, na consciência, a nossa divinização."

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Um sol

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Un Sol

Alfonsina Storni

Mi corazón es como un dios sin lengua,
Mudo se está a la espera del milagro,
He amado mucho, todo amor fue magro,
Que todo amor lo conocí con mengua.

He amado hasta llorar, hasta morirme.
Amé hasta odiar, amé hasta la locura,
Pero yo espero algún amor natura
Capaz de renovarme y redimirme.

Amor que fructifique mi desierto
Y me haga brotar ramas sensitivas,
Soy una selva de raíces vivas,
Sólo el follaje suele estarse muerto.

En dónde está quien mi deseo alienta?
Me empobreció a sus ojos el ramaje?
Vulgar estorbo, pálido follaje
Distinto al tronco fiel que lo alimenta.

En dónde está el espíritu sombrío
De cuya opacidad brote la llama?
Ah, si mis mundos con su amor inflama
Yo seré incontenible como un río.

En dónde está el que con su amor me envuelva?
Ha de traer su gran verdad sabida...
Hielo y más hielo recogí en la vida:
Yo necesito un sol que me disuelva..


segunda-feira, 2 de abril de 2007

A hora do cansaço



    A hora do cansaço



As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.


Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.


Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.


Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.




Carlos Drummond de Andrade