Mostrando postagens com marcador bocage. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador bocage. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 31 de maio de 2007

O LEDO PASSARINHO, QUE GORGEIA " Bocage


 

 

O ledo passarinho, que gorjeia
D'alma exprimindo a cândida ternura,
O rio transparente, que murmura,
E por entre pedrinhas serpenteia:

O Sol, que o céu diáfano passeia,
A Lua, que lhe deve a formosura,
O sorriso da aurora alegre e pura,
A rosa, que entre os zéfiros ondeia;

A serena, amorosa Primavera,
O doce autor das glorias que consigo,
A deusa das paixões, e de Cítera:

Quanto digo, meu bem, quanto não digo,
Tudo em tua presença degenera,
Nada se pode comparar contigo.

 

poema do Bocage 2

Rating:★★★★★
Category:Other
Já sobre o coche de ébano estrelado

Já sobre o coche de ébano estrelado

Deu meio giro a Noite escura e feia;

Que profundo silêncio me rodeia

Neste deserto bosque à luz vedado!

Jaz entre a folhas Zéfiro abafado,

O Tejo adormeceu na lisa areia;

Nem o mavioso rouxinol gorgeia,

Nem pia o mocho, às trevas costumado.

Só eu velo, só eu, pedindo à Sorte

Que o fio, com que está minha alma presa

À vil matéria lânguida, me corte.

Consola-me este terror, esta tristeza,

Porque a meus olhos se afigura a Morte

No silêncio total da Natureza.

Soneto do Bocage


 

Olha, Marília, as flautas dos pastores

Olha, Marília, as flautas dos pastores

Que bem que soam, como estão cadentes!

Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes

Os Zéfiros brincar por entre as flores?

Vê como ali beijando-se os Amores

Incitam nossos ósculos ardentes!

Ei-las de planta em planta as inocentes,

As vagas borboletas de mil cores.

Naquele arbusto o rouxinol suspira,

Ora nas folhas a abelhinha pára,

Ora nos ares sussurrando gira.

Que alegre campo! Que manhã tão clara!

Mas ah! Tudo o que vês, se eu não te vira,

Mais tristeza que a noite me causara.